Soro Antiapílico
Antídoto para veneno de abelhas
Apesar diversos estudos relatarem a utilização da apitoxina em pequenas doses para fins medicinais para tratamentos de inúmeros tipos de doenças (saiba mais sobre o uso benéfico da apitoxina) o veneno de abelha (Apis mellifera) é mortal em grandes proporções para um humano.
O grande problema dos acidentes com animais peçonhentos (venenosos) é o tratamento do paciente pela rede pública de saúde. Animais como cobras, já tem soros desenvolvidos para o caso de ataques e complicações relacionadas ao seu veneno no corpo humano, porém as abelhas até então não possuíam tal tipo de tratamento.
Os acidentes causados por abelhas afetam mais de 10 mil pessoas todo ano no Brasil, causando oficialmente 40 óbitos, mas estimativas apontam que esse número pode ser quatro vezes maior. As mortes podem ser decorrentes de dois mecanismos:
1. Envenenamento pela Peçonha da Abelha:
Ocorre quando um número substancial de picadas acontece (geralmente mais que 200), pois neste caso o volume de veneno é grande o suficiente para causar graves lesões em órgãos vitais. Entre outros componentes, a melitina se destaca como uma fração especialmente mais presente e potencialmente tóxica à órgãos como o rim, coração e fígado, entre outros, determinando grave quadro clínico que pode levar à morte. Não há na medicina nenhuma medida específica que permita desativar o veneno, sendo que o tratamento se limita ao suporte avançado de vida, esperando que o organismo elimine o veneno, o que muitas vezes não basta, e justifica os óbitos registrados.
2. Anafilaxia:
algumas pessoas são alérgicas ao veneno de abelhas, e uma simples picada pode levar a um grave quadro de alergia generalizada (anafilaxia), e mesmo causar óbito. Nesse caso as consequências não tem relação com a toxicidade do veneno, pois a peçonha foi inoculada em pequena quantidade, e o tratamento se limita à medidas para inibir a anafilaxia (drogas antialérgicas).
Sobre a falta de um medicamento específico para esse tratamento, isso mudou recentemente através de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida desde 2013, por um consórcio entre CEVAP-UNESP e o Instituto Vital Brasil. Nessa pesquisa chegou-se a um produto final que vem sendo experimentado em pacientes e tendo ótima aprovação nos resultados. Veja entrevista da GLOBO sobre o Estudo APIS clicando aqui.
Liderado pela Faculdade de Medicina da UNESP, e por sua Unidade de Pesquisa Clínica (UPECLIN), o Estudo APIS (Ensaio clínico fase I/II) foi entregue para análise dos órgãos competendes reguladores desse tipo de tratamento no Brasil (CEP-CONEP e a ANVISA). As fases dessa pesquisa ão respectivamente:
- FASE I. Protocolo de Manejo Básico: momento inicial no qual medidas de suporte avançado à vida recentemente revisadas devem ser seguidas à risca;
- FASE II. Aplicação do Soro Antiapílico: à depender do número de picadas, diferentes volumes do antídoto em estudo serão administrados.
Como um soro contra o veneno de abelhas nunca foi testado em seres humanos, é fundamental que essa análise seja feita. O objetivo secundário é verificar a eficácia, ou seja, se ele protege e evita mortes em pacientes com múltiplas picadas de abelhas. Existe uma série de condições para que o paciente seja candidato a receber o produto. São Elas:
- Diagnóstico de acidente com abelhas africanizadas Apis mellifera
- Esta abelha, ao picar, deixa o ferrão no local
- Ser acometido por cinco ou mais picadas
- Idade acima de 18 anos , de ambos os sexos
- Não estar gestante
- Concordância do voluntário ou familiar
Como é feito o soro antiapílico?
Primeiramente é retirado o veneno das abelhas (apitoxina) através de um coletor especifíco (saiba mais clicando aqui). Depois, assim como no caso das cobras, no processo de produção do Soro antiapílico o veneno em questão é introduzido no organismo de um cavalo, que reage desenvolvendo anticorpos. E são esses anticorpos que, após serem retirados do cavalo, formam o soro.
Pesquisa inédita, 100% brasileira.
O desenvolvimento do soro antiapílico é inédito no mundo. “É a primeira vez na história da medicina que se produz soro contra o veneno de abelha. Este é um problema nosso. A abelha africanizada é um tipo das Américas”, informou o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, pesquisador clínico do estudo.
A abelha africana foi introduzida de forma acidental no Brasil (Veja a História completa) na década de 1950. Ela cruzou com espécies da Europa que já estavam no país e esse cruzamento resultou uma abelha muito agressiva. “Essa agressividade leva ao aumento da periculosidade e do número de acidentes”, afirmou o pesquisador.
A primeira fase de testes termina no próximo ano. “Hoje incluímos nosso décimo paciente. Estamos na metade do estudo. O prazo é final de 2018. Acreditamos que vamos conseguir terminar o estudo para mostrar que o soro é seguro”, disse o médico.
O soro está disponível, por enquanto, em hospitais de três cidades do Brasil: Botucatu (SP), Tubarão (SC) e Uberaba (MG). A fase é de testes e o produto só é aplicado em pessoas que aceitam participar da pesquisa.
Encaminhamento de voluntários e informações no telefone (24 horas):
(14) 99667-1717POST ORIGINAL EM: CEVAP.COM.BR
Veja mais no post: Perigos relacionados ao ataque de abelhas africanizadas
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